Queer Lisboa 2014 — Shorts 1



Sob a égide do cinema experimental, a primeira sessão da Competição de Curtas-Metragens do Queer Lisboa 2014 revelou duas propostas que, na sua radical contemporaneidade, cimentam lugar de favoritismo para o momento do anúncio dos vencedores: o sugestivo trabalho de imagem-movimento de Mark Chapman em TRANS e o submundo S&M invocado por Drew Lint em ROUGH TRADE (na imagem em baixo).



Ruled by the mechanisms of experimental cinema, the first day of the Short Films Competition of Queer Lisboa 2014 offered a couple of titles that, in their radical contemporaneity, already are strong candidates for the awards ceremony: the powerful moving-image work of Mark Chapman in TRANS and the S&M underworld of Drew Lint in ROUGH TRADE (pictured above).

  • 1. TRANS (Mark Chapman)


  • Filme de peculiar plasticidade, a história de Kali Scott (a narrar o seu percurso de vida numa voz off confessional) transcende o conceito de testemunho pessoal sobre definição sexual para se converter num autêntico estudo de identidade humana.

    Within its peculiar plasticity, the story of Kali Scott (narrating his life's journey in a confessional voiceover) transcends the concept of personal sexual definition to become a genuine observation about human identity.


  • 2. ACROBAT (Eduardo Menz)


  • As vicissitudes da comunicação humana moderna, desde o seu cariz sexual até à mais pura banalidade camuflada por formalidades, estão no cerne da exposição de cinco capítulos inteiramente distintos, registados em 16mm e predominantes no uso do plano-sequência. A mensagem do filme, diluída na sua austeridade visual, fica reduzida a uma série de estímulos isolados que pouco contribuem para uma reflexão mais abrangente.

    The transformations of modern human communication, from its sexual nature to pure banality masked by formalities, are at the heart of this exhibition of five wholly distinct chapters, recorded on 16mm and with a predominant use of long-shots. The message of the film, strained by its visual austerity, is reduced to a series of isolated impulses that hardly contributes to a broader reflection.


  • 3. ROUGH TRADE (Drew Lint)


  • Um hipnótico e vibrante trabalho estético, Drew Lint investe na fotografia nocturna e numa composição de sequências iluminadas apenas por strobe lights, concebendo ambiências que nos convidam a trilhar terrenos de obscura androginia e sedutora perigosidade. Não resistimos em apelidá-lo de um SCORPIO RISING para o Século XXI.

    A hipnotic and rousing aesthetic work, Drew Lint's interest for night cinematography and shooting with strobe lights manages to conceive an atmosphere of obscure androgyny and seductive danger. It's like a SCORPIO RISING for the 21st Century, and we are not afraid to make such a comparison.


  • 4. BOYS (José Gonçalves e Dário Pacheco)


  • Suportado numa granulenta estética VHS, BOYS desafia a plateia pelo seu erotismo desarmante aliado a um "cenário narrativo" à prova de qualquer tabu. No seu todo, a ausência de envolvência moral ou psicológica não consegue extrapolar o filme para além do exercício de estilo sobre atracção física.

    Based on a grainy VHS aesthetics, BOYS challenges the audience through its disarming eroticism and "narrative setting" that no taboo can refrain. However, in its whole, the lack of any moral and psychological closeness only turns it into an exercise about physical attractiveness.


  • 5. HEILE GÄNSJE (Matt Lambert)


  • Como se se tratasse de um videoclip (os planos subjectivos e o fast cutting sucedem-se a ritmo alucinante) sobre descoberta sexual em solarentos dias de Verão, Matt Lambert não consegue evitar um incoerente resultado final no âmago do seu tom experimental.

    Like a music video (subjective shots and fast cutting abounds) about sexual discovery in a few sunny summer days, Matt Lambert does not avoid a disconnected outcome at the heart of the film's experimental tone.

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